Tropeiros, desbravarando a região e criando novas rotas

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Os tropeiros desbravaram a região, criando novas rotas.

Com o avanço do movimento bandeirante paulista pelo interior do Brasil e as descobertas de ouro e pedras preciosas, surgiu uma nova categoria de empreendedores: os tropeiros. Com suas mulas e seus cavalos, os tropeiros formaram uma rede de comunicação e locomoção de mercadorias que integrou os mais remotos cantos do Brasil, principalmente nas regiões Sul e Sudeste. Esses intrépidos homens foram responsáveis pelo transporte da grande maioria das riquezas brasileiras produzidas nos séculos XVII, XVIII e XIX.
No lombo de suas mulas (animais resultantes do cruzamento entre o asno macho e a égua), carregavam toda sorte de mantimentos, ferramentas e até notícias de povoados mais densos. Entre as mercadorias estavam produtos derivados do leite, embutidos, azeite, vinho, sabão, vidro, legumes, verduras, tecidos, cachaça etc.
Não temendo obstáculos nem distâncias, esses homens tornaram-se profundos conhecedores dos planaltos, das planícies e das serras; também contribuíram com a criação de muitos povoados e ajudaram consideravelmente no desenvolvimento dos comércios locais. Para o fornecimento de animais, surgiram fazendas de muares e, consequentemente, fortunas foram feitas em torno dos tropeiros.
Com suas “tropas”, conseguiram transpor as serras do Mar e da Mantiqueira para levar ouro e café aos portos de Santos, Paraty e Rio de Janeiro. Seguiam por caminhos traçados pelos indígenas e, na ausência de algum conhecimento anterior, criavam novas rotas.
Em suas longas viagens, permeadas por animais selvagens, peçonhentos e insetos portadores de doenças tropicais, chegavam a percorrer três mil quilômetros, carregando em seus jacás cerca de 120 quilos de mercadoria por mula.
Com toda a mão de obra direcionada para a garimpagem, inclusive a escrava, esse novo nicho econômico movimentou mais ainda a emergente economia do Brasil colonial. Mais tarde, com o desenvolvimento da cultura cafeeira, colocou o país na rota do comércio internacional.

Evolução

Logicamente, com a evolução dos meios de transporte, como as ferrovias, os tropeiros foram pouco a pouco desaparecendo, mas, em partes da Serra da Mantiqueira e no interior do Estado, ainda podemos deparar com alguns deles, transportando produtos locais, como os tropeiros que trabalham com lenha em Nazaré Paulista e região.
Contudo, os tropeiros deixaram algumas heranças que persistem até os dias atuais, como a base da alimentação caipira e mineira, tendo como ícone maior o feijão tropeiro!
Atualmente, ao dirigirmos pela Rodovia D. Pedro I (SP-065), passamos por muitos trechos desbravados tanto pelos bandeirantes como pelos tropeiros. Estes levavam as mercadorias do interior, passavam por Jacareí e depois iam em direção ao porto do Rio de Janeiro, assim como transportavam o café saído da região de Campinas e Jundiaí, e desciam a Serra do Mar até o porto de Santos. Um local icônico em Campinas é o Largo Santa Cruz, lugar onde os antigos tropeiros paravam para descansar, após percorrer o “Caminho dos Pousos”, e depois partir em direção aos sertões de Goiás e Mato Grosso.