Quando entramos em nossos carros ou embarcamos em um ônibus e seguimos por uma estrada asfaltada, com recursos de suporte aos viajantes, monitoramento por câmeras e, ao lado, belas paisagens, não imaginamos quanto de história, aportes financeiros, projetos desafiadores, utilização de tecnologia, mão de obra e uma pitada de sonho constitui o contexto de uma rodovia. Quando o interior do Estado de São Paulo foi desbravado, os primeiros caminhos utilizados foram as trilhas indígenas. Essas trilhas levaram os desbravadores a lugares inimagináveis, na época. Com o desenvolvimento da agricultura, da mineração e da colonização, o primeiro meio de transporte foi o de muares, carroças e cavalos, que perdurou por séculos. Desde a vinda da primeira leva de colonizadores, em 1532, até a abertura da primeira estrada, 260 anos se passaram até que, em 1792, o então governador-geral da capitania, Bernardo José Maria de Lorena, pavimentou com pedras um trecho da Estrada Velha que ligava São Bernardo do Campo a Cubatão, conhecido como Calçada do Lorena.
Passado mais um século, as estradas de ferro se transformaram no principal meio de transporte para cargas e pessoas, até que, em 1926, o então presidente do Estado de São Paulo, Carlos de Campos, criou a Diretoria de Estradas de Rodagem com o objetivo de projetar, gerir e construir estradas. Em 1934, foi fundado o DER – Departamento de Estradas de Rodagem, subordinado à Secretaria de Estado dos Negócios da Viação e Obras Públicas, pelo interventor Armando Salles de Oliveira. Os primeiros projetos para a construção de rodovias começaram em 1939, com os esboços da Via Anchieta (Santos/São Paulo) e da Via Anhanguera (São Paulo/Jundiaí), inauguradas em 1948 e 1949, respectivamente. No mesmo ano da inauguração da Via Anchieta, foi lançado, pelo DER, um projeto para integrar todo o interior paulista com a criação de Divisões Regionais: DR.1 – Campinas; DR.2 – Itapetininga; DR.3 – Bauru; DR.4 – Araraquara; DR.5 – Cubatão; DR.6 – Taubaté; DR.7 – Assis; DR.8 – Ribeirão Preto; DR.9 – São José do Rio Preto; DR.10 – São Paulo; DR.11 – Araçatuba; DR.12 – Presidente Prudente; DR.13 – Rio Claro; e DR.14 – Barretos. Com as Divisões Regionais, a expansão e a construção de rodovias principais e suas vicinais foram feitas de forma acelerada e integrada, proporcionando o escoamento da produção em todos os cantos do Estado.
A primeira estrada construída na Divisão Regional de Campinas, DR.1, foi a Rodovia Vereador Geraldo Dias, que interliga Jundiaí, Louveira, Vinhedo e Valinhos, e o trecho entre Valinhos e Campinas, com o nome de Rodovia Visconde de Porto Seguro, conhecida como Estrada Antiga de Campinas. Em 1972, foi a vez da SP-065, a Rodovia D. Pedro I, que liga Jacareí a Campinas e, na sequência, as rodovias SP-332 – Professor Zeferino Vaz; SP-360 – Engenheiro Constâncio Cintra; SP-063 – Romildo Prado; e SP-083 – o Anel Viário José Roberto Magalhães Teixeira.
Curiosidades
Os nomes dados às rodovias são homenagens a vultos históricos ou a pessoas que, de alguma forma, fizeram a diferença, seja em âmbito nacional ou regional. No caso da SP-332, o Professor Zeferino Vaz foi um dos responsáveis pela construção da Unicamp, com o objetivo de reunir os mais brilhantes cientistas brasileiros em uma instituição de ensino. Já a SP-360 homenageia o engenheiro Constâncio Cintra, um amparense construtor da primeira ponte de concreto armado do Brasil e membro do Partido Republicano Paulista – PRP. Na SP-063, Romildo Prado foi diretor do jornal Progresso de Itatiba, criado em 1894. E o Anel Viário José Roberto Magalhães Teixeira faz uma homenagem ao dentista e político, prefeito de Campinas por dois mandatos nas décadas de 1980, pelo PMDB, e 1990, pelo PSDB. E, por fim, a SP-065 foi nomeada Rodovia D. Pedro I porque em 1972, quando foi inaugurada, o país comemorava os 150 anos da Independência do Brasil.