História de Jundiaí

Aquarela – Diógenes Duarte Paes – Rua do Rosário

A História de Jundiaí representa a “abertura das portas do sertão” do interior paulista. Ultrapassada a Serra do Mar, uma vastidão de terras foi desbravada pelos bandeirantes em busca de ouro, pedras preciosas e indígenas. As bandeiras partiram em direção a Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Alguns bandeirantes se assentaram no meio do caminho e criaram povoados, outros colonizadores vieram fugidos e outros queriam mais terras. Porém, o que alavancou a colonização da região onde a cidade de Jundiaí está inserida, foi o cultivo do café. A cultura cafeeira migrou do Vale do Paraíba, por esgotamento do solo, dentre outros fatores, e encontrou terras férteis e localização estratégica, aqui.

O início

Inicialmente habitada por tribos indígenas, o nome “Jundiaí” é uma referência ao peixe jundiá que era abundante no rio Jundiaí. Os primeiros homens brancos a povoar o então Mato Grosso de Jundiahy, apesar de algumas controvérsias históricas, foi o casal Rafael de Oliveira e Petronilha Rodrigues Antunes e seus familiares, no ano de 1615. Rafael foi acusado de “crime de bandeirismo”, pois aprisionava índios, o que contrariava as ordens da Coroa Portuguesa. É nsse ponto da história que há controvérsia, mas o casal realmente foram os pionerios. Com o aumento de habitantes, os indígenas foram embora e se refugiaram nas matas. Então, quando da construção da igreja Nossa Senhora do Desterro, inaugurada em 1655, Jundiaí tornou-se uma vila com o nome de Vila Formosa de Nossa Senhora do Desterro de Jundiaí. Nesses tempos, a cultura de subsistência, algumas com mão de obra escrava indígena, e a venda de produtos agrícolas aos tropeiros e bandeirantes, era a forma da economia local. E assim, continuou até a primeira metade do século XVIII. No entorno da Igreja Nossa Senhora do Desterro, existiam quatro ruas e casas de taipa e de pau a pique foram levantadas.

Igreja Matriz – Aquarela de Diógenes Duarte Paes

Bandeirantes

Apesar das polêmicas em torno da figura dos bandeirantes, não podemos deixar de ressaltar a personalidade empreendedora e desbravadora desses homens. Isolados em vilas, como a de Piratininga, hoje a cidade de São Paulo, ou de São Vicente, a vida dos desses habitantes era muito pobre, sem recursos, sem manufaturas, sem nenhuma perspectiva. O ideal de achar ouro e pedras preciosas sempre esteve no imaginário dessas pessoas, desde a vinda de Martim Afonso de Souza, em 1532. Na realidade, ou eles exploravam o interior, ou sucumbiriam diante de tantos desafios, principalmente nos conflitos com os indígenas. E desta forma, escolheram desbravar. Jundiaí, por sua localização, como dito antes, foi o ponto de partida para essas aventuras, tanto é que na época, tudo o que estava depois de São Paulo foi chamado de Sertão de Mato Grosso de Jundiahy, área de todo o nordeste do estado de São Paulo até Minas Gerais.

A cana-de-açúcar

A cana-de-açúcar foi o ponto de partida para o início das grandes fazendas, ou, no caso, engenhos, onde a mão de obra escrava africana foi mais utilizada. Esse período, século XVIII, marca a era dos grandes latifúndios: as chamadas sesmarias. Em 1769, o então governador da Capitania de São Paulo, Morgado de Mateus, desvencilhou Jundiaí da Vila de São José Mogi–Mirim e, em 1797, da Vila de Campinas.

O café

A partir da metade do século XIX, Jundiaí, mais uma vez, torna-se um marco no desenvolvimento do interior do estado de São Paulo. Por sua localização e com a chegada da Estrada de Ferro São Paulo Railway, que a ligava ao Porto de Santos, Jundiaí era uma espécie de enorme entreposto de toda produção cafeeira da região de Campinas, para o escoamento da mesma. Mais tarde, outra ferrovias foram construídas para serem ligadas a São Paulo Railway. São elas: Cia. Paulista de Estradas de Ferro, Cia. Ytuana de Estradas de Ferro e Estrada de Ferro Bragantina. Mas, Jundiaí não se limitou apenas como uma cidade de trânsito comercial. Aqui, muitas fazendas produtoras de café se desenvolveram nesse período, assim como as indústrias têxteis. O desenvolvimento foi tanto que, em 1865, foi elevada à condição de vila e, oito anos mais tarde, à cidade.

Ponte Torta – Aquarela de Diógenes Duarte Paes

Imigração

Com a procura do café aumentando, o alto custo do escravo, mais os movimentos abolicionistas, os imigrantes chegaram por meio de contratos efetuados, na maioria das vezes, entre os governos brasileiro e os de origem dessas pessoas. Italianos, espanhóis, alemães, japoneses, entre outros, se estabeleceram nas fazendas e ali laboraram por anos. Muitos foram mal tratados, outros tiveram melhor sorte, sendo até meeiros dos proprietários das fazendas. Com a crise do café e os donos das fazendas migrando para a fundação de indústrias nos grandes centros urbanos, esses imigrantes puderam comprar vários lotes de terras e aqui produzir e vender seus próprios produtos. Desta forma, muitos cresceram e viraram grandes produtores agrícolas, principalmente no cultivo da uva.

O século XX

Mesmo com uma grande produtividade no setor primário, Jundiaí se destacou na indústria. E, mais uma vez, a cidade se beneficiou de sua localização. Agora, não são mais caminhos de tropeiros ou ferrovias que ligam Jundiaí ao resto do estado. São as rodovias que trouxeram ainda mais desenvolvimento. A cerâmica e o têxtil foram os destaques, depois a metalurgia e hoje, Jundiaí possui um dos maiores Parques Industriais da América Latina.