A lenda do Bonde da Morte, assim como muitas outras lendas, faz parte do imaginário humano, porém muitas vezes tendo como cenários e personagens reais. As lendas são uma das mais importantes expressões da cultura popular. Nelas estão embutidos valores religiosos, místicos e até conceitos e estratificação social. Suas origens remontam a um passado em que os conhecimentos sobre a natureza e seus fenômenos eram parcos. As noites escuras, sonoras e solitárias formavam um conjunto de grandes proporções imaginativas e temerárias. Somando todos esses fatores, as histórias eram compostas e transmitidas oralmente ao longo dos séculos. Muitas histórias foram suprimidas ou aumentadas, porém sempre vivas!
A lenda do Bonde da Morte é uma delas. Uma lenda local que conviveu no imaginário dos campineiros por anos, não sendo apenas tratada como lenda, mas sim como um caso que causou espanto e temor.
Cemitério da Saudade
O Cemitério da Saudade foi inaugurado em 1880. Palco de muitas lendas, antes chamado de Cemitério do Fundão, foi o primeiro cemitério público brasileiro. Aqui, além das pessoas comuns, várias personalidades da história local e nacional foram sepultadas. Jazigos confeccionados por artistas fizeram do local um ambiente cultural e até cenário para filmes como “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. Por sua relevância foi tombado em 2003, como patrimônio cultural.
A lenda
Desde a inauguração do Cemitério da Saudade, a avenida que era a via de acesso foi denominada de Avenida da Saudade. Para chegar até o Cemitério, a empresa de transporte da época criou uma linha de bonde também chamada de Linha da Saudade ou Linha 11 e foi implantada nos anos de 1931. O que não se esperava era o medo dos condutores e cobradores e de muitos passageiros desses bondes que, ao invés de ir até o ponto final localizado na porta do Cemitério, paravam muitas quadras antes do destino final e o temor de assombrações piorava ainda mais quando a noite caía. Um transtorno aos passageiros que eram obrigados a caminhar o trecho faltante. Passados quatro anos da criação da Linha da Saudade, para complicar ainda mais a situação, foi proposto colocar um bonde adaptado para o transporte dos corpos que iriam ser enterrados no Cemitério. Esse bonde ficou conhecido entre os populares como Bonde da Morte. Após muitos protestos, principalmente dos possíveis condutores do tal bonde, a empresa desistiu de colocar em prática suas ideias e a Linha 11 nunca foi implantada.
Cemitério da Saudade – Praça Voluntários de 32, s/n° – Ponte Preta – Campinas.