Imigração Africana em Campinas

imigração africana em Campinas

A Imigração Africana foi um dos capítulos da história brasileira, mais sombrio. A escravidão desses homens perdurou por três séculos. Porém, foi determinante na formação da cultura e da sociedade brasileira. Quando desembarcaram, os africanos trouxeram junto sua gastronomia, suas danças, suas religiões, suas visões de mundo e suas ideias.

A cidade de Campinas foi uma das que receberam os africanos que, escravizados, foram a força motriz das grandes culturas agrícolas, entre elas, o algodão e o açúcar, no século XVIII, e a maior riqueza do Brasil do século XIX, o café. Para ter uma ideia, em 1830, Campinas possuía 5% da população de escravos da Província de São Paulo, sendo o maior polo de compra e venda dessas pessoas. Em condições subumanas, os que conseguiam sobreviver, ou se submetiam aos mais variados tipos de torturas ou fugiam para os quilombos em busca de uma vida livre, quando conseguiam.

O fim da escravidão

Com o movimento abolicionista mais intensificado, mudanças na forma de divisão e doação de terras impediam que negros livres e imigrantes pobres pudessem receber seus quinhões, pois em vez de doadas, as terras passaram a ser vendidas. Como consequência, os mais desfavoráveis, continuaram a trabalhar nas fazendas como mão de obra barata. Os que se negaram a isso migraram para as cidades e, sem dinheiro para a compra de um imóvel, moravam em cortiços ou favelas, à margem do Poder Público.

Valorização cultural da Imigração Africana em Campinas

Mesmo com toda a problemática que os anos não corrigiram, sendo a desigualdade uma realidade, a valorização da cultura africana vem tomando força nas últimas décadas. Centros Culturais discutem, estudam e divulgam as mais variadas manifestações artísticas que foram deixadas como heranças às novas gerações. Vamos conhecer:

Casa de Cultura Fazenda Roseira

A Fazenda Roseira foi uma das grandes cultivadoras de café. Aqui, com as edificações preservadas como a casa sede e a senzala, está a Casa de Cultura Fazenda Roseira que tem o objetivo de dar acesso e visibilidade a todas as expressões da cultura africana e assim, fortalecer esse segmento na sociedade por meio do meio ambiente, da educação e dos patrimônios material e imaterial.

Casa de Cultura Tainã – primeira do gênero na cidade de Campinas com os seguintes projetos: Rede de Mocambos, Nação Tainá, Orquestra Tambores de Aço, Fábrica de Música, Projeto Tambor Menino e Lidas e Letras.

Centro Cultural Recreativo Benedito Carlos MachadoMachadinho – quando da volta dos pracinhas negros na Segunda Guerra Mundial, mesmo os soldados da FEB sendo heróis, foram proibidos de se associarem a qualquer clube da categoria, por puro preconceito. Desta forma, cinco combatentes negros compraram algumas terras da Chácara Árvore Grande e criaram o Clube Cultural e Recreativo Luís Machado, conhecido como “Machadinho”, em homenagem a Benedito Carlos Machado, o primeiro presidente. Aqui, são realizados muitos eventos e encontros familiares.

imigração africana em Campinas
Comunidade Jongo. Foto Neander Heringer

Comunidade Jongo Dito Ribeiro – patrimônio imaterial classificado pelo IPHAN como Patrimônio Cultural Nacional.

Lavagem das Escadarias de Campinas – na Catedral Metropolitana de Campinas, há mais de trinta anos, pessoas do candomblé, umbandistas e participantes de grupos culturais afros, lavam suas escadarias com água de cheiro, no Sábado de Aleluia.

Marcha Zumbi dos Palmares – realizada no dia 2 de novembro, em homenagem ao Zumbi dos Palmares.

Urucungus, Puítas e Quijengues – datado de 1988, com sede na Vila Teixeira, além da divulgação e fomento da cultura afro, possui o Samba de Bumbo.

Pagode da Vó Tiana“Samba de Verdade, Raiz e Saudade”O nomeé uma homenagem à avó Sebastiana, protagonista de rodas de samba em seu quintal. Um encontro de cantores, instrumentistas e compositores.

Instituto Baobá de Cultura e Arte – IBAÔ – também é um centro irradiador das expressões artísticas afro.